Do Lobo
Não se ensina truques velhos
À velhas fontes secas,
pois não se acaba a sede do sedento
nem o velho nunca mais (se) surpreende!
O veterano sempre tem uma cartada
Como o juiz, um veredito,
E até o mestre tem um golpe,
Que nunca ensina ao seu discípulo.
Mas o lobo, espreita na colina.
Chega o dia em que o jovem lobo cresce
Os pelos engrossam, o uivo acentua-se
As presas ficam afiadas.
Então o jovem lobo ataca,
Arranha o rosto do velho,
Cospe na cara, morde o rabo,
E dá-se como vitorioso.
Mas o velho lobo não morre,
Finge-se de morto,
Truque novo,
e quando vem a mordida final
e quando vem a mordida final
O Velho lobo levanta,
Sorri, e vai guiar outra matilha.
Lucas Matos
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