terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Debaixo da sombrinha

"No fim, é tudo hipocrisia"

(...)

Eu queria dizer outra coisa,
Mas o que vi era porcaria.

Passava de meio dia,
Quando, na calçada empoeirada,
Em meio a uma quinquilharia,
Um ser jazia vivo, numa casa improvisada.

Não havia beleza na cena.
Era ela, mendiga suja e velha,
A defecar em minha frente.

A sombrinha velha era o banheiro,
Não havia descarga,
Só o cheiro repugnante dela.
Sem blush ou batom
Cabelos desgrenhados, amarelados,
Crespos e quebrados,
Parecia até com Monalisa.

Ela não almoçaria em restaurante,
E eu não a levaria pra sair.

Talvez não tivesse plano,
Nem de saída,
E nem tivesse saudade,
Talvez tivesse um pouco mais que a vida,
E a anímica anêmica vontade!

Lucas Matos

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