quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Guilhotina




"Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele." I Timóteo 6.7

(...)


É tarde agora,
A ausência do café amargo
E a presença fria da lâmina no rosto
Todo ensanguentado,
Já me partiu ao meio.

Espero apenas a sentença.

De soslaio,
Vejo o meu algoz girar a foice,
Embora fosse o fim,
Consegui avistar misericórdia,
Um instante de incerteza, talvez medo,
Não sei, momentos assim são raros.

Não lhe implorei a vida,
Não achei que ele tivesse tal poder,
Naquele instante, ele era o assassino.

Olhei com desdém,
Fui por um minuto refém,
Mas ele, pelo resto da vida.

Lucas Matos

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quando fecho os olhos





"O que fazer quando o seu melhor amigo te trai?"

(...)




Sempre aprendo algo novo.
Hoje aprendi que a paciência acaba,
E o filete de esperança que guardamos,
Num pote de porcelana,
Às vezes nos escapa das mãos.

Aprendi que existem amigos que levamos
E os que nos levam a vida inteira,
Fingindo ser como um irmão.
E isso foi como um tiro.

Nunca acreditei superar isso.
Talvez por que a traição seja um veneno injetado na veia,
Quando ainda sonhamos viver...
Nunca pensei que pudesse acontecer comigo...

Aprendi muitas outras coisas também,
Mas hoje, quando fecho os olhos,
Ainda ouço entre soluços,
A voz que sibila em minha mente,
Que me ensinou com muita dor,
O significado pérfido do perdão!

Lucas Matos

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Decrépito

 Essa é a primeira poesia do ano e, por mais que tentasse escrever algo belo, foi o que consegui. Muitas vezes escondemos o que somos atrás de uma máscara... queremos gritar desesperados, mudar a vida que estamos levando, projetamos coisas boas, mas nossas intenções muitas vezes são frustradas.  Ao refletir o que somos, podemos sonhar com o que seremos se, a partir de então, desejarmos mudar. E essa é a mensagem para 2011, que possamos mudar o nosso eu para melhor, abandonar nossos conceitos e recomeçar uma nova vida, para que não sejamos pessoas decrépitas.

(...)
Olhe pra mim!
Já não vês minha robustez natural,
Estou como a ferrugem no trem,
Ou como a poeira no asfalto,
Definho como uma velha águia,
Já sem bicos, já sem garras...

Caí no meio do mar, do alto,
De dentro dos meus sonhos.
Alguém me roubou a esperança,
O amor, a confiança e a vida.
Em troca, deram-me alguns trocados.

Estou em meio a ruínas,
Como o sobrevivente de um despojo,
Capturado, prestes à morte.
Um capitão vencido.

Olhe pra mim!
O seu maior algoz e heroi,
Mas já sem forças,
Frágil, como um homem apaixonado.

Lucas Matos