quarta-feira, 4 de abril de 2012

CONTRADIÇÕES



Em todo fim,
um recomeço.
Todas as coisas têm um preço.
Amar não é para amadores,
tão pouco pra covardes,
também não é pra sonhadores.

Perder pode ser bom,
se apaixonar, talvez,
chorar, de vez em quando,
te ver, jamais!

A mentira corre léguas,
Boas notícias demoram.
Nem toda desculpa é uma trégua.
Até crianças namoram.

Solidão, agora é verbo.
Perdoar deixou de ser.
Pode uma estrofe virar verso.
Pode um louco escrever

e eu acreditar nestas bobagens.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Pior que amar




Encontrei um sentimento agora a pouco,
Metido, pudico, insosso.
Que me amordaçou os ossos,
E me esmagou o peito.

Sentimento ruim,
Rarefez-me outra vez.
Ainda sinto o fervilhar do Tempo ansioso,
E escuto atroz, barulhento, o coração copioso,
Que insistia em
amar.

Sentimento bobo este,
Menos violento, menos avassalador,
Só de vez em quando mata.
Esse que sinto agora, não,
Já me roubou as sete vidas,
E ainda que as tivesse mais, levaria.
Esse não perdoa ninguém.

Queriam estudá-lo os alquimistas,
Todos os vassalos, cientistas...
Minha mãe, e até os desolados.
Ocupariam assim, a vida inteira.

Esse sentimento, porém,
Nos faz refém, e tira até mesmo a nossa força.
E como se não bastasse, o infame,
É persistente. E mesmo não querendo
Lembrar, ele nos arranca um suspiro...
Sina perigosa é ter saudade.
Lucas Matos

quarta-feira, 23 de março de 2011

Antiguetário

"Quando o gemido já não é de prazer, fito a morte"

(...)

As cinzas já habitam o meu cabelo.
O sofá é a cama do dia,
E o leito de amanhã, só sabe Deus!
Estou perdido entre o tempo que restou da morte,
E o que faltou da vida.

Minha face desfigura-se aos poucos.
Tenho esses pés de galinha
e essas marcas que não se vão.
O coração a saltar do peito, morto,
Bate em vão.

Gemidos me enchem de gozo,
Embora a juventude seja passada,
A robustez de minha mente sã, ainda sorri.
Enquanto meus ossos enrijecem.

A lembrança é um papel rasgado,
Que já não tem importância.
Vivo mais intensamente o hoje
Do que vivera o amanhã outrora.

Descobri duas coisas nesse tempo:
Que o amanhã não existe.
E que o café não é uma droga.
Embora eu não viva muito tempo pra provar!

Lucas Matos